A natureza cria e não produz; ela oferece recursos a uma atividade criadora e produtiva do homem social; mas ela fornece valores de uso e todo valor de uso (...) retorna à natureza ou assume a função de bem natural.
Evidentemente, a terra e a natureza não se separam.
A natureza produz?
É o sentido inicial da palavra: conduz e leva adiante, faz sair da profundidade.
No entanto, a natureza não trabalha; e é mesmo um traço que a caracteriza: ela cria.
O que ela cria (a saber: “seres” distintos), surge e aparece.
Ela os ignora (se não se supõe, na natureza, um deus calculador, uma providência).
Uma árvore, uma flor, um fruto não são “produtos”, mesmo num jardim. A rosa não tem razão de ser, ela floresce porque floresce. “Não se preocupa em ser vista” (Angelus Silesius). Ela não sabe que é bela, cheirosa, que apresenta uma simetria de ordem “n” etc.
(...) A “natureza” não pode operar seguindo a mesma finalidade do ser humano.
(...) As “coisas” nascem, crescem e morrem; elas envelhecem e morrem.
Um infinito se esconde sob estes termos.
Violenta, generosa, avara, abundante, sempre aberta, a natureza se mostra [desabrocha].
O espaço-natureza não é um cenário. Por que?
Não há porque.
A flor não sabe que é flor. Nem a morte que morre.
(...) Com Deus, a natureza morre. O “homem” a mata e talvez se suicide imediatamente.